domingo, 24 de fevereiro de 2019

Vox - Christina Dalcher

Título: Vox
Autor: Christina Dalcher
Páginas: 320
Editora: Arqueiro
Ano: 2018
Minha Classificação: ✬ 4,5 estrelas Favorito
Período de Leitura: 14/02/2019 à 24/02/2019

Sinopse: Uma distopia atual, próxima dos dias de hoje, sobre empoderamento e luta feminina.

O SILÊNCIO PODE SER ENSURDECEDOR #100PALAVRAS

O governo decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia. A Dra. Jean McClellan está em negação. Ela não acredita que isso esteja acontecendo de verdade.

Esse é só o começo...

Em pouco tempo, as mulheres também são impedidas de trabalhar e os professores não ensinam mais as meninas a ler e escrever. Antes, cada pessoa falava em média 16 mil palavras por dia, mas agora as mulheres só têm 100 palavras para se fazer ouvir.

...mas não é o fim.

Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, Jean vai reivindicar sua voz.


Diário de Leitura:

Dia 15/02/19 - Resolvi que com esse livro, eu vou contando a história pra vocês conforme eu for lendo, relatando meus sentimentos e impressões do dia a dia na leitura.
Até agora li 22% desse livro e confesso que pelo pouco que li já estou um pouco horrorizada com a situação dessas mulheres, é agoniante, desesperador e sinceramente eu não vejo isso tão distante.
Acho que posso falar do que está ocorrendo no livro até agora sem dar nenhum grande spoiler a ninguém.
Inicialmente estamos entrando nesse mundo em que todas as mulheres perderam TODOS os seus direitos nos Estados Unidos, não podem trabalhar fora, não podem ler e estão limitadas a falarem apenas 100 palavras por dia que são contadas por um contador em forma de pulseira no braço de cada uma, caso alguma mulher passe dessa cota, ela recebe um choque para adverti-la e, o que mais choca é que todas as mulheres sem exceção passam por isso, até as crianças precisam usar esses contadores de palavras.
A história é narrada em primeira pessoa entre o passado e o presente e, a cada flash do passado de Jean me faz pensar que estamos chegando próximo de algo talvez não tão radical quanto o fato de termos um número máximo de palavras por dia mas, vejo que nossas palavras a cada dia mais, parecem perder o sentido, perder o valor e isso é triste.
Jean é uma mulher de 42 anos que é considerada a melhor linguista do país, casada com Patrick, seus filhos são Steven ( de aproximadamente 17 anos), Sam e Léo (Gêmeos de aproximadamente 11 anos) e Sonia de 5 aninhos.
Já no início da história sentimos a indignação, o inconformismo de Jean e sua infelicidade com tudo que está acontecendo, ela uma mulher ativa que amava o seu trabalho, era a melhor no que fazia, teve seu direito de trabalhar arrancado, não pode mais ler, todos os seus livros, celular, notebook e anotações foram trancados para impedir que ela tivesse acesso e que não pudesse se comunicar de outra maneira a não ser a fala restrita.
Gostaria de salientar que se Steven fosse meu filho eu me sentiria pior ainda, pois, ele é um garoto que ao meu ver é totalmente machista, que tem pensamentos que apoiam a causa que está silenciando e castigando todas as mulheres do país, inclusive sua mãe e sua irmãzinha de apenas 5 anos, então não há maneira de não sentir desprezo por ele até esse momento, torcendo muito para que todas as coisas se resolvam e esse sentimento passe.

Dia: 23/02/19 - Apesar de ter gostado muito do livro confesso que fiquei todos esses dias sem ler ABSOLUTAMENTE NADA (Ressaca que fala né).
Mas, voltando a leitura hoje li mais de 50% desse livro, finalizei a leitura do dia com 86% e Jesus, não sei descrever o tamanho da minha indignação com tudo o que li. É um pouco difícil a essa altura do livro narrar os acontecimentos sem contar muito sobre a essência da história e soltar coisas que não devo, mas, vou ao máximo tentar falar sem contar demais hahaha
Lembram do Steven? O filho rebelde da Jean então, ele me fez querer tacar a cara dele na parede muitas outras vezes, mas, agora meu coração está amolecendo um pouco.
A Jean me surpreende a cada página e nem sempre positivamente, mas, apesar disso criei um grande afeto por ela e torço para que as coisas deem certo mas, no lugar dela não sei o que realmente faria.
Seu marido Patrick ganhou minha simpatia, apesar dela narrar ele como um homem covarde, eu vejo que ele é um homem realmente bom, que dentro das condições que existem faz o melhor por ela e pela família.
E em relação aos outros personagens, todos são cativantes, você sente carinho por quase todos e os poucos que você não se afeiçoa você vai detestar com muita convicção. Tenho a dizer que até o momento o livro é envolvente demais, e triste, muito triste, pois, você sente a dor dos personagens, você se coloca no lugar deles, vive o drama e se revolta junto.

Dia: 24/02/2019 - Terminei o livro e não sei muito o que dizer hahaha
Sabe aquela história que você não está pronta para se desprender? Exatamente isso que acontece no final desse livro, eu não me sinto pronta para partir para uma nova história, preciso de mais de Vox, preciso saber mais sobre Jean, saber o que vai acontecer depois do ponto final.
Os últimos 15% do livro são libertadores, pois, apesar de eu pensar que o final poderia ser diferente eu sinto que foi necessário.
Senti um grande nó na garganta, o coração gelar em alguns momentos e um misto de emoções, mas, foi uma grande leitura que eu indico a todos e que vale muito a pena, para abrirmos nossos olhos e começarmos a nos importar com o mundo político antes que seja  tarde.

Um ponto que gostaria de destacar é que o foco principal do livro é sobre o silenciamento das mulheres, a importância do feminismo nos dias de hoje e da conscientização política mas, o livro também retrata sobre assuntos como intolerância religiosa que é muito forte e muito abordado e, em um determinado ponto do livro falam sobre a intolerância de gênero que é muito interligada com a parte religiosa da história.

Abaixo eu vou deixar alguns trechos que destaquei do livro, que foram marcantes para mim mas, que não interferem em nada a leitura ninguém, só dá um gostinho de quero mais:

"Minha culpa começou há décadas, na primeira vez que não votei, nas vezes incontáveis em que disse a Jackie que estava ocupada demais para ir a uma de suas passeatas, fazer cartazes ou ligar para meus congressistas."

"Os monstros não nascem assim, nunca. Eles são feitos, pedaço por pedaço e membro por membro, criações artificiais de loucos que, como o equivocado Dr. Frankenstein, sempre acham que sabem mais. "

"A única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens bons não façam nada."

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