sábado, 11 de maio de 2019

A Cidade do Sol - Khaled Hosseini

Título: A Cidade do Sol
Autor: Khaled Hosseini
Páginas: 368
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2013
Minha Classificação:  5 estrelas ♥ Favorito
Período de Leitura: finalizado em 08/05/2019


Sinopse:
Mariam tem 33 anos. Sua mãe morreu quando ela tinha 15 anos e Jalil, o homem que deveria ser seu pai, a deu em casamento a Rashid, um sapateiro de 45 anos. Ela sempre soube que seu destino era servir seu marido e dar-lhe muitos filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Laila tem 14 anos. É filha de um professor que sempre lhe diz: "Você pode ser tudo o que quiser." Ela vai à escola todos os dias, é considerada uma das melhores alunas do colégio e sempre soube que seu destino era muito maior do que casar e ter filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Confrontadas pela história, o que parecia impossível acontece: Mariam e Laila se encontram, absolutamente sós. E a partir desse momento, embora a história continue a decidir os destinos, uma outra história começa a ser contada, aquela que ensina que todos nós fazemos parte do "todo humano", somos iguais na diferença, com nossos pensamentos, sentimentos e mistérios.

Olá queridos, tudo bem?

Tardei mas, enfim trago a resenha desse livro que desestabilizou minhas estruturas emocionais.

Diário de Leitura:
Comecei a leitura e estou na página 73 já, os acontecimentos até agora tem sido muito rápidos, em 73 páginas muita coisa aconteceu tive muitas opiniões, e já estou apreensiva.

O livro conta a história  da jovem Mariam que nasceu no Afeganistão de 1959. Filha bastarda de um homem muito rico, casado com três esposas que, de uma aventura com a empregada, veio Mariam.
Nana, a mãe de Mariam é uma mulher muito sofrida e amargurada, até o momento de tudo que eu li vejo que por ela ter tido uma vida infeliz ela não deixa a filha ser feliz. Não a deixa ter oportunidades que ela não teve e com isso acaba criando uma menina ingênua, insegura que não conhece os males do mundo a fora.
 Mariam tem muito afeto pelo seu pai e idealiza nele um homem perfeito. Quando a menina chega aos seus 15 anos ela decide que precisa viver, que precisa conhecer o lugar onde o pai e os irmãos vivem e, com isso vai a cidade e Herat atrás de respostas. Quando a pobre menina chega lá, se depara com a triste realidade de quem seu pai verdadeiramente é e decepcionada com isso volta para sua casa. Porém, no meio dessa viagem sua mãe falece.

" - Aprenda isso de uma vez por todas, filha: assim como uma bússola, precisa apontar para o norte, assim também o dedo acusador de um homem sempre precisa encontrar uma mulher à sua frente. Sempre. Nunca se esqueça disso, Mariam." 

E, a partir dai a história ganha forma. Seu pai é obrigado a ficar com ela pois, a menina não possui mais ninguém no mundo porém, a mesma não é bem recebida na casa de seu pai.
Para se "livrar" da menina seu pai - juntamente com suas três esposas - arranja um casamento com ela com um sapateiro viúvo de outra cidade de aproximadamente 45 anos. Isso mesmo galera, um homem 35 anos mais velho que ela, que a garota nunca viu na vida.
E eu já estava revoltada nesse ponto, pois tiveram pequenos acontecimentos revoltantes mas, quando chegou nessa parte eu fiquei extremamente indignada, Meu Deus! Como um pai deseja casar sua filha com um desconhecido, que obviamente não tem nada a ver com ela? Só para não ter trabalho com a menina.
E a ruindade. A fala das mulheres dele. Nossa! Me deixou muito brava, pois, era muito nítido o sofrimento da Mariam, o quanto ela não queria isso e mesmo assim, a opinião dela não é valida e, o pior é que mesmo mais de 50 anos depois, na vida real, sabemos que isso continua acontecendo.
Acredito que nada do que falei aqui é Spoiler pois, são informações básicas que não irão influenciar a leitura de ninguém e, para chegar ao ponto central do livro que é a vida dela Casada com o Rashid ( o sapateiro de 45 anos) é preciso falar desses acontecimentos.
Voltando ao livro. Mariam se casa com Rashid. Vai embora com ele para uma nova casa, nova cidade e uma nova vida da qual ela não sabe nada com um homem que pelo pouco que apareceu até agora é extremamente machista que a têm agora como propriedade dele.

" - Mas não sou desse tipo de homem, Mariam. Lá de onde venho, basta um olhar errado, uma palavra imprópria para haver derramamento de sangue. Lá de onde venho o rosto de uma mulher, só interessa ao seu marido. Quero que se lembre disso. Entendeu?" 

O livro é dividido em quatro partes. Tudo o que contei acima se refere a primeira parte que é a introdução da história da Mariam.
Na segunda parte iremos conhecer a história da Laila, uma jovem cheia de esperança de dias melhores, filha de um professor que sempre a incentiva a buscar o crescimento e que acredita que as mulheres podem ser livres e donas de si.
Logo que conhecemos Laila também conhecemos Tariq, seu vizinho e melhor amigo que teve uma perna amputada devido a guerra. Algo que a partir dessa segunda parte se torna algo fixo no livro e as histórias vão se criando a partir das consequências que a guerra traz.
A segunda parte dura 5 anos de 1987 a 1992 e nela vamos vendo a evolução dos acontecimentos da guerra e, também a evolução dos personagens de Laila e Tariq que agora possuem respectivamente 14 e 16 anos, ambos descobriram que se amam e que desejam ficar juntos porém, suas obrigações com suas famílias em meio aos acontecimentos com a guerra os separam.

" - Sinto muito - disse Laila, impressionada por ver que a história de cada afegão é marcada por mortes, perdas e dor. E, mesmo assim percebe que as pessoas dão um jeito de sobreviver, de seguir em frente."

Na terceira parte do livro a história de Mariam e Laila se encontram, Mariam já possui 33 anos e já sofreu muito nas mãos de seu esposo Rashid.
A partir daqui qualquer informação a mais será considerada Spoiler então leiam queridos, para poderem descobrir e conhecer essa história imensamente triste porém, mesmo assim ela ganhou meu 
coração de diversas formas.

Considero esse livro leitura obrigatória para homens e mulheres pois, precisamos acabar com essa ideia que vem sendo cultivada por anos e culturalmente de que a mulher precisa ser de alguma forma de posse de um homem, que não tem condições para trabalhar e ganhar igualmente como um homem, de que nós nascemos exclusivamente para sermos mães e donas de casa, ISSO NÃO EXISTE! Nascemos para sermos donas de nós mesmas, somos capazes de conquistarmos espaço no mundo e sermos o que quisermos, sem que nos digam o que precisamos ou não fazer e ser. 
Esse livro mostra que as mulheres não podem ser donas de si, não podem decidir como será o seu futuro e caso elas queiram "se rebelar" e tomar conta de sua vida, as mesmas são mortas, espancadas, torturadas, estupradas e eu me pergunto, como podemos achar que isso é normal? Como podemos admitir isso e não fazer nada? 
Esse livro diz com todas as letras: PRECISAMOS URGENTEMENTE MELHORAR COMO SERES HUMANOS! Não podemos admitir que tais coisas aconteçam e que achemos isso normal. Vou deixar aqui um trecho do livro que diz muito sobre o que quero dizer.

"Atenção mulheres:
Vocês deverão permanecer em casa. Não é adequado uma mulher circular pelas ruas sem estar indo a um lugar determinado. Quem sair de casa deverá se fazer acompanhada de um mahram, um parente do sexo masculino. A mulher que for apanhada sozinha na rua será espancada e mandada de volta para casa. 
Vocês não deverão mostrar o rosto em circunstância alguma. Sempre que saírem à rua, deverão usar a burqa. A mulher que não fizer isso será severamente espancada.
Estão proibidos os cosméticos.
Estão proibidas as jóias.
Vocês não deverão usar roupas atraentes. 
Só deverão falar quando alguém lhes dirigir a palavra. 
Não deverão olhar um homem nos olhos.
Não deverão rir em público. A mulher que fizer isso será espancada.
Não deverão pintar as unhas. A mulher que fizer isso perderá um dedo.
As meninas estão proibidas de frequentar a escola. Todas as escolas femininas serão imediatamente fechadas. 
As mulheres estão proibidas de trabalhar.
A mulher que for culpada de adultério será apedrejada até a morte.
Ouçam. Ouçam bem. Obedeçam."

Mesmo sendo um livro, vemos que essas coisas são reais que tudo isso realmente acontece, aqui no Brasil não dessa maneira, mas sabemos que temos situações em que homens se acham proprietários das mulheres e por isso temos uma grande taxa de feminicídio e estupros.
Então gostaria de dizer que apesar de triste eu amei poder ter a oportunidade de ler esse livro, tem milhões de ensinamentos e gostaria que a história tivesse tido um final mais feliz.

E vocês queridos, já leram esse livro?
Se sim, o que acharam?
Se não corram para ler, será uma experiência enriquecedora.

Beijos e até a próxima!